terça-feira, 27 de outubro de 2009

Começam as viagens!

Começam as Viagens Proac Circulação de Teatro com a peça Chapetuba!

E começamos muito bem!

Chapetuba F. C. estará na Mostra Referências Teatrais em Suzano dia 29/10 as 20hs.
Local - Galpão das Artes: R. 9 de julho, 267, Centro de Suzano.
Informações e programação completa da mostra:
http://www.suzano.sp.gov.br/5mostra/index.htm


E dia 30/10 as 20hs estaremos em Limeira no Teatro Vitória!

domingo, 20 de setembro de 2009

PROAC CIRCULAÇÃO

FOMOS CONTEMPLADOS COM O PROAC CIRCULAÇÃO!

EM BREVE COMEÇAMOS AS VIAGENS POR OITO CIDADES DO INTERIOR PAULISTA!


EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Vídeos sobre Chapetuba

Uma entrevista com o diretor José Renato e com o ator Fábio Pinheiro pelo site da Jovem Pan Online:

Chapetuba Futebol Clube: de volta ao teatro após 50 anos - 18/03/2009 18h56

http://mais.uol.com.br/view/184500

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Matéria do Metrópolis da Tv Cultura sobre a estréia de Chapetuba:

Metrópolis - "Chapetuba Futebol Clube" - 05/12/2008 22h32

http://mais.uol.com.br/view/141846

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Matéria Blog Rotunda

18/03/2009
CHAPETUBA F.C.
A paixão nacional segundo Vianinha


Depois de se formar na Escola de Arte Dramática (EAD), José Renato fundou em 1953, em São Paulo, o Teatro de Arena. Com Sérgio Britto no elenco, Renato dirigiu Esta Noite É Nossa, de Sttaford Dickens, no Museu de Arte Moderna (MAM), que então funcionava no prédio dos Diários Associados, na Rua 7 de Abril. A casa própria, na Rua Teodoro Baima, foi apresentada à imprensa em 1954.
Décio de Almeida Prado, em O Teatro Brasileiro Moderno, relata que o Arena ganhou maior projeção quando a ele se juntaram Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) e Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha (1936-1974). O primeiro “sucesso completo, maciço, de imprensa e de bilheteria”, veio em 1958 com Eles não Usam Black-Tie, texto de Guarnieri dirigido por Renato.
O Arena comandado por Renato estabeleceu no Brasil uma nova disposição cênica – elenco no centro e espectadores ao redor –, o que levou “a uma reformulação completa das relações quer entre os atores em cena, quer entre estes e o público”. Com a chegada de Boal, Guarnieri e Vianinha, o Arena revolucionou a dramaturgia nacional ao ventilar no teatro a discussão sobre questões sócio-políticas brasileiras.
Em relação ao Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), o paradigma da época, “a grande originalidade” do Arena “era não privilegiar o estético, não o ignorando mas também não o dissociando do panorama social em que o teatro deve se integrar”. Chapetuba F.C., peça de Vianinha dirigida por Boal – Renato estava na Europa com uma bolsa de estudos –, sucedeu em 1959 o êxito de Eles não Usam Black-Tie.
Arena Conta Zumbi (1965) e Arena Conta Tiradentes (1967) – nas quais Boal solidificou o Sistema Curinga, que fomenta uma comunicação cerebral com a platéia – também marcaram a cena brasileira. Assim como o Seminário de Dramaturgia, elaborado em 1958 para, a partir de análises e debates, estudar as realidades artística e social brasileiras e estimular jovens autores. Antes de extinguir-se no início dos anos 1970 – e deixar o mítico espaço da Teodoro Baima –, o Arena mantinha dois núcleos de criação.
Em 2007 e 2008, sob a administração da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o Teatro de Arena passou por mais uma de suas várias reformas. Chapetuba F.C. foi escolhida para a reinauguração, que se deu em novembro. A Renato coube a direção. A montagem reestreia na sexta-feira (20/3).
Vianinha coloca em cena um pequeno time de futebol do interior, o Chapetuba, que busca o acesso à divisão principal. Às vésperas da partida decisiva, surgem indícios de negociação do resultado. Um empresário penetra na pensão onde os jogadores se concentram; o goleiro titular aparece contundido e seu reserva é inexperiente; o craque da equipe deseja reviver seus dias de glória em um grande clube; a mulher de um dos zagueiros está prestes a parir.
Em meio a esse turbilhão de sentimentos e interesses, o sonho coletivo parece desmanchar-se em função de benefícios individuais. “A peça permanece atualíssima”, afirma o diretor, “porque as relações humanas em que Vianinha se aprofundou, os defeitos e as virtudes das personagens, continuam válidas”.
“O futebol, paixão nacional, torna-se o símbolo de um ideal de comunidade. Sua prática seria a vida cidadã, exercida com consciência, fruída com alegria, buscada como necessidade vital. (...) Mas o futebol, paixão nacional, é, na verdade, o símbolo da disputa desenfreada por um lugar ao sol, a desesperada batalha pela sobrevivência, o trincar dos dentes dos interesses menores, em resumo, o retrato de um mundo desunido, egoísta, covarde, traiçoeiro e decadente”, escreveu Renato no programa da montagem atual.
Em Vianinha – Cúmplice da Paixão, Dênis de Moraes reproduz texto de Sábato Magaldi sobre a peça: “‘Chapetuba F.C.’ examina, por dentro, o mecanismo do esporte, engastando-o no quadro amplo da realidade social, que o condiciona e sem dúvida lhe determina as características. O texto transcende, nesse caminho, as fronteiras da tipificação de um grupo humano, para situar-se como um estudo de indivíduos de uma classe desfavorecida, em face da ordem social injusta”.
O elenco original de Chapetuba F.C. contou com nomes expressivos do teatro brasileiro: Chico de Assis, Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Nelson Xavier, Riva Nimitz (1936-1993) e Xandó Batista (1920-1992), além do próprio Vianinha, que tinha 22 anos quando escreveu o texto. Renato integrou o elenco quando o grupo montou a peça no Rio de Janeiro.
O diretor revela-se emocionado ao reviver Chapetuba F.C.: “O que há de emoção nesse reencontro é inexplicável. Vianinha é um exemplo de lealdade. Brigávamos e nos reconciliávamos com frequência; era uma amizade tempestuosa, porém amorosa, franca e verdadeira. Foi um homem corajoso, um dramaturgo raro que tinha uma percepção intensa da realidade brasileira e não se iludia em relação aos problemas do País, mas cuja obra não é panfletária”.

Publicada em:
http://rotunda.zip.net/

Homenagem a Zé Renato

27/10/2008

Zé Renato recebe homenagem no encerramento da Satyrianas 2008.


Após quatro dias de extensa programação, a 9ª edição da Satyrianas - que fez parte das comemorações pelos 20 anos da Cia. de Teatro Os Satyros - teve seu encerramento na madrugada de domingo, 26 de outubro.No evento, foi realizada uma homenagem ao diretor e ator - aluno da primeira turma da Escola de Arte Dramática de São Paulo e fundador do Teatro de Arena - José Renato Pécora.Entre outras pessoas ligadas ao metié teatral, participaram da cerimônia Rodolfo Vazquez Garcia e Alberto Guzik, d'Os Satyros; Hugo Possolo, dos Parlapatões; o crítico Sérgio Sálvia Coelho; e os dramaturgos Mario Viana e Juca de Oliveira.
Durante a homenagem, Mario Viana exibiu cena de Sai da Frente, primeiro filme de Mazzaropi, de 1951, do qual Zé Renato participa como ator. Já Hugo Possolo, em tom de alerta, atentou ao fato de que o Teatro de Arena Eugênio Kusnet é administrado pela Funarte, e que é preciso vigilância da sociedade para que a revitalização desse espaço seja garantida, mesmo após a saída de Celso Frateschi do órgão.
Ao final, José Renato afirmou que encara a homenagem como uma mostra de amor ao teatro destinada a uma pessoa que ama o teatro: "não sou preso ao passado, só aceito esta homenagem porque estou fazendo teatro HOJE!", destacou.Atado a esse compromisso com o presente, o diretor convidou a todos para a re-inauguração do Teatro de Arena, na rua Teodoro Baima, que ocorrerá nas próximas semanas e na qual será apresentada uma remontagem de Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho, dirigida pelo próprio Zé Renato.

Em:
http://www.cooperativadeteatro.com.br/newsDetails.do?id=617

Crítica chapetuba na Revista Bacante

Nossos Mortos: a re-montagem de Chapetuba F.C. na re-inauguração do Arena
Por Paulo Bio Toledo


Foto da montagem original dirigida por Augusto Boal em 1959

O Teatro de Arena, fundado em 1953, viria a ser um dos símbolos da resistência teatral contra o totalitarismo repressivo da ditadura militar brasileira. Mesmo antes do Golpe de 1964, o Arena já se caracterizava como pólo de discussão política e contraponto ao tradicionalismo de elite no teatro.
Os Seminários de Dramaturgia de 1958 foram o marco de uma discussão estética que começa a perceber a interligação de forma e conteúdo, no que concerne ao discurso, como fundamento da produção dramatúrgica. Ou seja, assume as impossibilidades da forma dramática, construída sob a égide do indivíduo “livre” burguês, para abarcar o conteúdo de interesse, como as greves, a opressão, o coletivo etc. - daqui surgem os primeiros estudos estruturais brasileiros do teatro épico dialético de Bertolt Brecht (a despeito de suas obras já serem conhecidas e montadas aqui).
Inicialmente, no esteio de Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri, peças como Chapetuba F.C., de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, são produzidas no seminário; em seguida, passam a ser criticadas, no mesmo espaço, justamente por sua estrutura dramática. Não por acaso, a próxima safra de produção dramatúrgica marca-se pelas peças A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar, de Vianinha, e Revolução na América do Sul, de Augusto Boal; produções que apresentam uma ruptura radical com o tratamento dramático utilizado até então, sob influência das playwriting norte-americanas. O mesmo Vianinha de Chapetuba F.C. afirma no programa original de A Mais-Valia Vai Acabar, Seu Edgar: “O teatro realista formula e consagra o condicionamento como natural e imutável; abandona a história …”
(No início dos anos 1960, as discussões calorosas entre seus participantes geram uma fissura. De um lado, Vianinha rompe com o grupo argumentando que o teatro deve deslocar-se à periferia, sair do antro “pequeno-burguês” da intelectualidade esclarecida, atuar como arma in loco da resistência contra a opressão econômica - ingressa, todavia, no CPC da UNE (Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes); do outro lado, Augusto Boal e a manutenção do espaço, como arma de discussão e aprofundamento, até ter suas portas fechadas, em 1972, pela ditadura).
A partir daí, assistimos, ano a ano, a degradação desse espaço transbordante de história. O Teatro de Arena, a despeito dos louváveis movimentos em seu favor, como o Arena Conta Arena – 50 anos, exposições comemorativas, projetos de ocupação pelas Cias. etc.; vinha sendo corroído e se adequando a paisagem do centro não-recuperado de São Paulo. Por esse viés, há de se comemorar o trabalho da Funarte na recuperação do espaço. E, enfim, não é possível adentrar-se criticamente no espetáculo Chapetuba F.C. sem todo esse espectro de história, sob a qual se equilibra.
[Vale fazer uma pausa aqui, por a crítica se dividir em dois, como bem notado pela editoria da bacante no seguinte fragmento:
"Aqui, acho que poderia ter uma quebra mais interessante pro hoje. Sim, vc contextualizou, mas acho que se vc não zuar inclusive essa intenção de colocar no contexto, o texto pode ficar ingênuo. O que quero dizer é que seu texto historiciza o evento da reinauguração do teatro em certa medida, mas não abarca toda a complexidade - nem poderia, nem deveria - dessa história toda. E exige do leitor um monte de referências que ele talvez não tenha. Então pensei que talvez você pudesse dizer algo como: "Olha, agora você tem duas opções: ou você se contenta com essa contextualização resumida que eu te dei e continua lendo o texto ou, para "adentrar criticamente no espetáculo", você desliga o computador, lê todos os livros do Élio Gaspari, [...], tudo o que escreveu o Augusto Boal, depois liga o computador de novo, acessa o youtube e vê todos os vídeos do Arena para, enfim, “com um espectro de história ainda maior”, terminar sua agradável leitura sobre a remontagem de Chapetuba F.C.” (Cf. Correspondência web-crítica no séc XXI – prenúncios da crítica ativa. Editora Bacante: São Paulo, 2025)]
Seguimos…
Primeiramente, tem-se o dado de que a montagem é uma encomenda comemorativa (da recuperação do teatro): um diretor, Zé Renato, que é o próprio fundador do Arena e um texto de um dos mais eméritos participantes do grupo, Oduvaldo Vianna Filho. Tal fato poderia ser objeto de ferrenhas críticas, entretanto, haja vista o contexto, trata-se de uma exaltação de memória de um dos mais significativos momentos teatrais de São Paulo, quiçá do Brasil. O Texto escolhido, como já dito, faz parte de determinada produção no Arena que foi objeto de crítica e superação de seus próprios participantes; salvaguardada tal ressalva, a peça mostra-se como produção histórica de tremendo esforço em evidenciar contradições sociais latentes no Brasil; como diz Augusto Boal, no programa de estréia da peça: “o dilema do homem de teatro no Brasil é simples e definido, ser autêntico ou terminar” (Teatro de Oduvaldo Vianna Filho v.1. Org. Yan Michalski. Rio de Janeiro. Ilha. 1981. Págs 83-84). Ou seja, uma dramaturgia que centra todos os seus esforços em entender as complexidades das estruturas sociais brasileiras num momento de certo otimismo político e afirmação nacional popular – sendo o futebol uma bela metáfora desse momento.
Entretanto, os problemas do texto remetem à famigerada ‘crise do drama’, sua construção individualizada faz emergir enormes paradoxos que não cabem ser aqui discutidos. A montagem de 2008/09 só faz “presentificar”, sem crítica, e, portanto, vítima das mesmas contradições, o texto de Vianinha.
Mas, acredito, é preciso enxergar a montagem dentro do contexto: um evento comemorativo de uma memória extremamente importante à história do teatro – ademais, uma montagem que não peca em nenhum aspecto (tendo em vista o que ela representa e/ou busca representar): bons atores, direção clara e limpa, simplicidade e o texto de Vianinha, um dos objetos de ênfase no trabalho comemorativo, em evidência.
Vemos em cena a rememoração de uma inquietação dramatúrgica que foi, 50 anos atrás, uma tentativa enérgica de discutir as complexidades sistêmicas do capitalismo, no que dizem respeito ao Brasil e a suas particularidades, e que, não por acaso, estão em evidência até hoje, senão mais ainda hoje.
Não se trata, obviamente, de um marco teatral, ou obra de experimentação política etc., pelo contrário, carrega em si alto grau de anacronismo formal. Entretanto, traz à tona um passado essencial que, por sua vez, marca um contraponto positivo ao formalismo apolítico e sem direção de grande parte da produção contemporânea, por nos lembrar que a chamada “desconstrução” fragmentada é oriunda de um processo histórico essencialmente político e material.
55 anos de história por R$780.000 em reformas (um pouquinho menos que as captações da Lei Rouanet proporcionam, diariamente, à cultura nacional)
Publicado em 19 de Janeiro de 2009 em:
Acesse e leia os comentários sobre essa crítica.

Links de divulgação de Chapetuba F.C.

http://tools.folha.com.br/print?site=guia&url=http://guia.folha.com.br/teatro/ult10053u546039.shtml

http://www.overmundo.com.br/agenda/bate-bola-no-teatro-de-arena

http://www.splicenet.com.br/index_ferramenta.php?ferramenta=http://www.classionline.com.br/noticiasregionais.detalhesplicenet.logic?id=5161

http://www.vivaocentro.org.br/noticias/arquivo/080409_c_infonline.htm

http://www.jornaldapaulista.com.br/site/page.php?key=1615

Publicações Chapetuba F. C.



























Crítica sobre Chapetuba F.C.


O Poder Transformador do Teatro
Crítica / Ensaio de Jair Alves















Foto do arquivo pessoal de Maria Tereza Vargas - montagem de 1959

Ao assistir à sessão especial de Chapetuba Futebol Clube, no teatro Eugênio Kusnet (ex-Arena), não tenho outra palavra para aqui registrar, a não ser a expressão IMPRESSIONANTE. Escrevo isso pelo que vi no palco, na interpretação dos dez atores que compõem o elenco. Disse em público (e repito aqui), que só vi algo semelhante, naquele mesmo teatro, na estréia nacional de Na Carrera do Divino, no ano de 1979. Os atores, nesta sexta feira, deram à impressão de ter entrado em cena, para o tudo ou nada. Para os estudiosos de nossa Cultura, é possível afirmar que está recuperado ali, nessa representação, todo o vigor do Grupo Arena, em suas inúmeras singularidades de meio século atrás. A preocupação do autor Oduvaldo Viana Filho em balancear os personagens, dando a eles igual importância na trama, traduz os objetivos do Grupo, na época. Posso dizer, sem risco de errar, que esta montagem (aqui e agora) é o melhor exemplo de Arte que se produzia há cinqüenta anos atrás, no Brasil.

Paradoxalmente, ela nos leva a uma reflexão um tanto quanto sofisticada a respeito de nossa realidade atemporal. A primeira delas, é quanto à leitura pessimista de tudo o que está ao nosso redor. A partir daí, vem o nosso dilema: se há meio século nós víamos uma parcela da população ali representada no palco, desorientada; manipulada; desesperada - ainda que esperançosa; agindo apenas pelos interesses imediatos de sua existência, o que dizer, hoje, de um pathus social do agora, que se desenvolveu e virou indústria ou peça dessa mesma engrenagem comercial? Que saída nós teremos, se compararmos esses dois períodos históricos?

Em sua intervenção, o ex-atleta do Corinthians, Wladimir, presente ao debate que sucedeu à apresentação afirmou acertadamente que aquele time de futebol ali representado no palco não poderia ser de forma alguma campeão, se não resolvesse todos os conflitos internos como os que se viu. Perguntamos como esses mesmos problemas se manifestam, na atualidade? Os pequenos clubes de futebol, do interior do Brasil, ainda dependem do patrocinador; do dono da emissora de rádio; da Federação Paulista de Futebol, ou esses clubes - alguns já centenários - se transformaram em grande fonte de renda para os empresários, que nada têm a ver com a paixão do torcedor que teimosamente ainda lota os Estádios? Em que medida a Arte consegue refletir essas contradições internas e levá-las para a cena do teatro, sem o risco de ser considerada panfletária?

A resposta talvez seja clara, dura, no entanto de ser assimilada: a população precisa se organizar e se fazer representar, objetivamente. Wladimir, conhecido pela sua atuação extracampo prova que é possível reivindicar, ser bem sucedido e também feliz. O seu sorriso iluminando àquela sala quase escura contrastava com o semblante carregado dos personagens em cena.

Fica aqui uma questão a ser debatida: os artistas que tiveram uma orientação da esquerda ortodoxa, como Oduvaldo Viana Filho, conseguiram de fato visualizar um futuro melhor, ou será que a realidade vivenciada por nós entre a estréia de Chapetuba, há cinqüenta anos e os dias atuais, demonstrou ser mais rica em alternativas? Lamentavelmente, ele nos deixou cedo demais para que pudéssemos confrontar seus experimentos. Como se vê, é imperativo que outras montagens com o mesmo rigor profissional venham à cena, como Rasga Coração, por exemplo.

Nesta sessão especial, tivemos à presença de outros personagens, ao vivo, que reinventaram o Brasil Moderno: o citado atleta, Wladimir; a atriz Etty Fraser; o jornalista Alberto Helena Jr. e como contraponto, a grande promessa do jornalismo esportivo, André Rizek. Pena que o adiantado da hora, não nos permitiu retirar mais opiniões desses ilustres convidados.

Quanto ao elenco, difícil destacar um deles, pois como já foi dito todos entraram em cena para decidir não um campeonato da Segundona, com cartas marcadas, mas uma decisão de Copa do Mundo. A exaustão com que os atores que interpretam Durval e Cafuné saem de cena, é a prova de sua dedicação à profissão. O mesmo pode se dizer, dos demais.

Algo especial, a respeito do Autor. Falou-se muito da sua habilidade para colocar, em cena, os dramas humanos. Não esquecer que ele foi filho de Oduvaldo Viana e Deocélia Viana, exímios redatores de rádio novelas e melodramas, das décadas de quarenta e cinqüenta, num tempo em que a influência lusitana e mexicana era muito forte na cultura brasileira. Vianinha aprendeu a arte no berço, de onde também aprendeu a amar a Humanidade. Lamentavelmente, ele não chegou a conhecer todos os efeitos da industrialização do país, nem seus melhores expoentes. Wladimir, é um deles.



Quanto a José Renato, é preciso dizer: feliz é a Nação que tem à oportunidade de ver o criador de um dos pontos artístico cultural mais importantes do país voltar ao Ponto de Partida, cinqüenta anos depois. E, com a quase mesma vitalidade de quando começou, reinventar com dezenas de criaturas especiais o Brasil que se vive hoje.

Publicada em:
http://cooperativa7985.ning.com/group/chapetubafc/forum/topics/o-poder-transformador-do

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Venham nos assistir! Últimas Semanas!


Chapetuba - uma (re) visita ao teatro de Vianninha

Artigo de Vanessa Frisso para o blog Overmundo:
Apaixonante. Não me vem à cabeça outra palavra para descrever a experiência teatral que vivi no último final de semana. Primeiramente senti-me personagem e estudioso. Eu estava ali, no Teatro de Arena, hoje Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Palco para muitas ações, artísticas, culturais, sociais, políticas. Ao entrar no teatro, senti um arrepio correr pelo corpo. Muita energia corre por ali.
É quase indescritível. Observar aqueles assentos, onde já se sentavam algumas pessoas, aguardando o início do espetáculo. E aquele tempo anterior ao terceiro sinal, quando a magia está prestes a acontecer, mas ainda sou eu mesma. Tempo de observar já o cenário do primeiro ato. Senti-me começar a viajar no tempo. Mas é apenas teatro.
Ao toque da campainha pela terceira vez consecutiva, as luzes da platéia se apagam, e uma transformação dá início. Não estou mais no teatro de Arena, Consolação, São Paulo. Estou na pequena cidade de Chapetuba, na pensão cuidada por Fina, que serve de concentração para o Chapetuba Futebol Clube, que naquele instante deixa de ser a brilhante dramaturgia de Oduvaldo Viana Filho, e passa a ser realidade diante de meus olhos.
O espetáculo vai envolvendo o expectador de tal maneira em um crescente, mas sem deixar de despertar em nós o sentimento, o pensamento e a crítica. Arte de verdade que mexe com os poros e com o espírito. Arte que transforma.
A peça, por mais que pareça, não fala de futebol. Fala de seres humanos. Sonhos, desejos, amores, paixões, ética, fé, esperança. Mas também fala de nossas fraquezas e nossas mazelas, tão humanas. As personagens que desfilam em nossa frente, criam vida nos corpos desses atores tão preparados e refletem muito mais que jogadores e seus dilemas.
O que parece força, pode ser defesa da fraqueza. O que parece timidez, pode ser receio da rejeição. O que parece ingenuidade, quase beirando a burrice, transforma-se em sabedoria. São esses homens brasileiros, cercados pela miséria e pobreza. Com um misto de desejo de ascensão social e a simples necessidade de sobreviver dignamente, criar uma família e ficar perto dos seus. Os anseios de sucesso e glória. E as inevitáveis frustrações que isso tudo pode causar.
Um retrato da sociedade brasileira através do Chapetuba Futebol Clube, seus jogadores, seus dirigentes, nossa imprensa esportiva. Com os bastidores desse campeonato de futebol, temos uma amostra do que nos levar a sermos corruptíveis. A necessidade, o medo, o ego.
Nessa montagem, 50 anos depois da estréia, percebemos um trabalho apurado, limpo, preservando ao máximo o texto original e seu momento histórico, sem perder um só fio da atualidade. Talvez pela naturalidade com que este jovem elenco, em sua maioria, desfila aos nossos olhos e ao mesmo tempo uma maturidade dramática que revela a mão de um diretor. José Renato, um dos fundadores do Arena, que pena não estava lá no sábado para que eu pudesse abraçá-lo e dizer o quanto estava feliz.
Não só recomendo como peço que todos assistam e apreendam um pouco. Há muito tempo não assistia a uma peça que me tocasse tanto, mas mais do que isso, que mostrasse teatro de verdade, feito por atores de verdade, com texto de verdade e direção mais que verdadeira.

Bate-Bola - Às Sextas-feiras!

Bate Bola após sessão da peça Chapetuba F.C., no Teatro de Arena

Os convidados do primerio debate são:
Basílio, Toninho Cecílio, Carlos Cereto, Sílvio Luiz e Ary Toledo

O espetáculo Chapetuba Futebol Clube voltou ao palco do Teatro de Arena Eugênio Kusnet, 50 anos depois da primeira montagem, por meio do Projeto Arena da Fundação Nacional de Artes (Funarte). No enredo, o futebol está em cena, revelando contradições pessoais e sociais vividas com o humor e a paixão que esse esporte sempre despertou no povo brasileiro.

Após as apresentações dos dias 3, 10 e 17 de abril, três sextas-feiras consecutivas, o diretor José Renato receberá convidados especiais para o Bate Bola: debates abertos a todos os presentes, tendo como foco a cultura e o esporte, neste caso o futebol. Os convidados são profissionais do mundo esportivo, jornalistas e artistas; personalidades que continuam escrevendo e acompanhando a história do futebol e do teatro brasileiro.

Cronograma do Bate Bola:

3 de abril
Boleiros: Basílio e Toninho Cecílio
Jornalistas: Carlos Cereto e Sílvio Luiz
Artista: Ary Toledo

10 de abril
Boleiro: Wladimir
Jornalistas: Alberto Helena Jr., André Rizek e Fernando Solera
Artista: Etty Frazer

17 de abril
Boleiros: Ademir da Guia e Vampeta
Jornalistas: Cleber Machado e Mauro Beting
Artista: Chico de Assis

Chapetuba Futebol Clube
Texto: Oduvaldo Vianna Filho
Direção: José Renato.
Elenco: Fábio Pinheiro, Pedro Monticelli, Fernando Prata, Flávio Kena, Luiz Fernando Albertoni, Fernanda Sanches, João Ribeiro, Emerson Natividade, Vinicius Meloni e Álvaro Gomes.
Bate Bola: Dias 3, 10 e 17 de abril (sextas, após seção que tem início às 21h)
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Temporada: quinta, sexta e sábado (21h) e Domingos (20h) – Até 20/04
Rua Teodoro Baima, 94, Consolação – tel: (11) 3256-9463
Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00) - Duração: 120 min - Gênero: Drama

Os convidados:

3 de abril:

Basílio (João Roberto Basílio) - O ex-meia do Corinthians é conhecido como Pé de Anjo por ter feito o gol que garantiu a conquista do Campeonato Paulista, de 1977, encerrando o longo período sem títulos do Timão. Começou sua carreira na Portuguesa e foi para o Corinthians em 1975, para conquistar duas vezes o Campeonato Paulista (1977 e 1979). Encerrou sua carreira no Taubaté, em 1981, e teve várias passagens como técnico do Parque São Jorge. Como membro da Cooperativa Craques de Sempre, integra o projeto Mais Esporte da Prefeitura de São Paulo.

Toninho Cecílio (Antonio Jorge Cecílio Sobrinho) - O ex-zagueiro do Palmeiras iniciou sua carreira, em 1984, nos juvenis do clube. Em 1986, foi para a zaga do time principal onde ficou até 1992, sendo por vários anos capitão do time. Jogou no Botafogo, Cruzeiro e Cerezo Osaka, no Japão. Foi presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo, tendo uma atuação decisiva na elaboração e aprovação da Lei do Passe. A partir de 2004, tornou-se dirigente esportivo na Portuguesa Santista e no Fortaleza. Desde 2007, voltou ao Palmeiras para ocupar a Gerência de Futebol.

Carlos Cereto – É jornalista atuante na imprensa esportiva, há 14 anos. Como radialista esportivo, trabalhou em emissoras de Campinas e nas rádios Globo e Record. Há sete anos, trabalha no canal Sportv e, atualmente, é comentarista do programa Arena Sportv e repórter da Rádio Globo.

Sílvio Luiz - É jornalista, repórter e locutor esportivo, há 57 anos. Trabalhou na TV Paulista, Rádio Bandeirantes, TV Excelsior, TV Record (onde também foi diretor de programação) e TV Bandeirantes. Atualmente, é narrador esportivo da Bandsports. É dono de uma voz potente e de um estilo irreverente e inconfundível de narração. Chamando a bola de “criança”, cunhou vários bordões inesquecíveis como “Olho no lance !!” e “Pelas barbas do profeta !!”.

Ary Toledo - É ator, diretor, cantor, compositor e humorista, há quase 50 anos, e um dos artistas mais populares do Brasil. Começou sua vida artística no Teatro de Arena, em 1960, na peça Revolução na América do Sul, de Augusto Boal e direção de José Renato. Sua trajetória esteve ligada por muito tempo ao teatro. Como ator e músico ele trabalhou nas peças A Mandrágora e Os Fuzis da Senhora Carrar. Entre 1965 e 1967, participou de vários programas musicais da TV Record, projetando-se como cantor com a canção Pau de Arara, de Carlos Lyra e Vinícius de Morais. Tendo como parceiros Boal e Guarnieri, em 1966, estreou no Teatro de Arena a peça A Criação do Mundo Segundo Ary Toledo, que ficou em cartaz por 4 anos. Ao lado de Chico de Assis, compôs diversas músicas e escreveu textos teatrais, encenados no Arena até meados dos anos 70. Nos últimos anos, tem se dedicado à direção de peças, à composição musical e à atuação em shows e programas humorísticos .

10 de abril:

Wladimir (Wladimir Rodrigues dos Santos) - Ex-lateral do Corinthians, é um recordista em jogos com a camisa do Timão. Começou a jogar nas categorias de base do clube, firmando-se como titular absoluto da camisa 4, em 1973. Conquistou o histórico Campeonato Paulista de 1977, quando o Corinthians encerrou seu longo jejum de títulos. Foi um dos líderes da Democracia Corinthiana. Conquistou mais três vezes o Campeonato Paulista (1979, 1982 e 1983). Foi Secretário de Esportes de Diadema.

Alberto Helena Jr. - É jornalista há 50 anos. Foi colunista do Jornal da Tarde e da Folha de São Paulo. Dirigiu e comandou o Show da Noite (Rede Record) e Na Linha do Gol (TV Gazeta). Atualmente, é colunista do Diário de São Paulo. Tem um blog no IG e é comentarista da SporTV. Também foi crítico de música popular. É autor de vários livros, entre eles: Palmeiras, a Eterna Academia (DBA-2003), O Último Dinossauro – Cassius Clay (Editora Três) e Rogério Ceni - o Goleiro Artilheiro na Linha do Gol, a ser lançado pela DBA.

André Rizek - Com apenas 34 anos, já foi repórter especial do Lance, do Jornal da Tarde e das revistas Veja e Placar. Foi também editor da revista Playboy. Atualmente, é comentarista e editor–chefe do canal SportTV, em são Paulo.

Fernando Solera - Começou na Rádio Difusora, em 1957, como repórter de campo. Foi narrador e diretor de esportes da Rede Bandeirantes, onde trabalhou durante 25 anos. Desde 1989, integra a equipe de comentaristas e narradores da Rede Gazeta onde, aos domingos, participa do programa Mesa Redonda.

Etty Frazer - É atriz de teatro, cinema e televisão, há 50 anos. É uma das fundadoras do Teatro Oficina, onde estreou profissionalmente na peça A Incubadeira, em 1959. José Celso Martinez Corrêa também a dirigiu em espetáculos memoráveis como Pequenos Burgueses (1964) e O Rei da Vela (1967). Em 1968, no Teatro de Arena, foi dirigida por Augusto Boal na peça Mac Bird, de Barbara Garson.

17 de abril:

Ademir da Guia - O ex-meia do Palmeiras é o maior ídolo da história do Verdão. Filho de Domingos da Guia (grande zagueiro da Seleção Brasileira de 1938), o Divino foi um dos maiores meiocampistas do futebol brasileiro. Começou sua carreira no Bangu-RJ e veio para o Palmeiras, em 1961. Jogando no clube até 1977, conquistou o Campeonato Paulista (1963, 1966, 1972,1974 e 1976), o Bi-Campeonato Brasileiro (1972/1973), a Taça Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), o Torneio Rio-São Paulo (1965) e a Taça do Brasil (1967). Pela Seleção Brasileira, disputou a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. Em 2004, foi eleito vereador por São Paulo.

Vampeta (Marcos Batista Santos) - Começou a jogar futebol no Vitória–Ba, em 1990. No PSV-Eindhoven, foi campeão nacional, em 1997, e considerado o melhor volante do campeonato holandês. A partir de 1998, jogando pelo Corinthians, conquistou o campeonato Paulista (1999 e 2003), Brasileiro (1998 e 1999), Copa do Brasil (2002), Torneio Rio-São Paulo (2003) e o Mundial da FIFA (2000). Atuando na Seleção Brasileira, conquistou a Copa América, em 1999, e a Copa do Mundo, em 2002. Encerrou sua carreira de jogador em 2008, no Juventus.

Cleber Machado - Começou sua carreira de locutor esportivo, em 1979, nas rádios Bandeirantes e Tupi. Em 1980, foi para a Rádio Globo, integrando a equipe esportiva de Osmar Santos. Na televisão, começou na TV Gazeta. Em 1988, foi para a Rede Globo e, desde então, cobre e narra os mais importantes eventos esportivos do mundo (Copas do Mundo, Fórmula 1, campeonatos de futebol etc). É apresentador do programa Arena SportTV.

Mauro Beting - É jornalista, há 20 anos. Como colunista esportivo, começou na Folha da Tarde. Desde 2006, escreve um blog no Lancenet e colunas semanais no Lance, no portal Yahoo, no Futeboleuropeu.com, na Cidade do Futebol e na revista Trivela. É comentarista de rádio desde 1991. Está na Rede Bandeirantes, desde 2003, sendo apresentador de dois programas no Bandsports e de outro na TV Esporte Interativo.

Chico de Assis - É ator, diretor, roteirista, dramaturgo e compositor popular. Em 1958, tornou-se ator do Teatro de Arena, onde, sob a direção de Augusto Boal ou José Renato, participou de montagens memoráveis como Eles Não Usam Black-Tie, Chapetuba F.C. e Gente Como a Gente. Foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura-CPC, da UNE. É autor de várias peças, destacando-se O Testamento do Cangaceiro, dirigida por Augusto Boal (1961), Missa Leiga, dirigida por Ademar Guerra (1972), e Xandú Quaresma, dirigida por Adriano Stuart (1985). Desde 1989, tem coordenado cursos de dramaturgia e interpretação. Ministrou o Seminário de Dramaturgia do Arena, por 18 anos consecutivos.


Maiores Informações - Eliane Verbena
Tel: (11) 3079-4915 / 9373-0181 – verbena@verbena.com.br

Reestréia de Chapetuba F. C.

Noite de homenagem a Vianninha na Funarte em São Paulo.
O espetáculo Chapetuba FC, de Oduvaldo Vianna Filho - que reinaugurou o Teatro de Arena Eugênio Kusnet - reestreia no dia 20 de março, sexta-feira, às 21h.

Na ocasião, serão lançados o livro Vianninha - Teatro, Televisão, Política, com escritos do dramaturgo, e o Arquivo Vianninha Online, que reúne todo o acervo digital da Funarte sobre o autor.

O evento conta com as presenças de Sérgio Mamberti, presidente da Funarte, e de Juca Ferreira, ministro da Cultura, que cumprem agenda de encontros com representantes de segmentos culturais na capital paulista.

A peça, dirigida por José Renato, que esteve à frente da fundação deste teatro, em 1953, narra a trajetória de um pequeno time de futebol do interior que deseja chegar à primeira divisão, mas é prejudicado por empresários e jogadores. A montagem é parte do Projeto Arena, por meio do qual a Fundação Nacional de Artes (Funarte) viabilizou a reforma das instalações do teatro.

Chapetuba F.C. foi encenada pela primeira vez, em 1959, no próprio Teatro de Arena.

Amigo e admirador de Oduvaldo Vianna Filho, o diretor José Renato afirma que, diante da realidade de hoje, não precisou atualizar em nada o texto da peça. "Meu objetivo foi o de respeitar a paixão que esse esporte desperta e tentar exibir as contradições de caráter das personagens. Nas disputas travadas, não esconder as entrelinhas dos interesses menores. E, além disso, mostrar a efervescência de emoções que explodem nesse mundinho onde os jogadores estão concentrados. O profundo sentimento humano que alimentou Vianinnha, eu busco agora como alicerce para a minha encenação", diz o diretor, que escolheu José Carlos Serroni, parceiro desde os anos 80, para criar o cenário e o figurino da peça.

Esse texto com mais de cinco décadas ganhou uma direção precisa e ágil de José Renato, buscando manter o público atento à trama de Vianninha e envolvê-lo com as expectativas criadas pelo enredo. Os jogadores desse time de futebol são personagens bastante distintas: personalidade, temperamento e caráter dão o tom à história, recheada de emoções humanas (o nascimento de um filho, amizades e a paixão entre dois jovens) e de maracutaias do mundo esportivo (pressão de empresários e compra de resultados). O diretor buscou a dose certa para apresentar esse texto, cheio de vigor ainda no século XXI.

Espetáculo: Chapetuba Futebol Clube
Texto: Oduvaldo Vianna Filho
Direção: José Renato
Cenário e figurino: José Carlos Serroni e Telumi Hellen
Elenco: Fábio Pinheiro, Pedro Monticelli, Fernando Prata, Flávio Kena, Luiz Fernando Albertoni, Fernanda Sanches, João Ribeiro, Emerson Natividade, Vinicius Meloni e Álvaro Gomes.
Trilha Sonora: Aline Meyer
Iluminação: Mauro Martorelli
Reestreia: 20 de março, sexta, às 21 horas
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Rua Dr. Teodoro Baima, 94 - Vila Buarque/SP - Tel: (11) 3256-9463
Temporada: quinta, sexta e sábado (21 horas) e domingo (20 horas)
Até 19/04/09
Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00) - Duração: 120 min - Gênero: Drama
Classificação etária: Livre - Capacidade: 99 lugares
Acesso universal. Ar condicionado. Não faz reservas.
Vendas na bilheteria: 5ª a domingo a partir de 18h.
Não aceita cheque/cartão.
Realização: Funarte

"Chapetuba F.C." e reabertura do Teatro de Arena
A montagem de "Chapetuba F.C." é parte de um projeto da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o Projeto Arena, que viabilizou a reforma das instalações do teatro - símbolo da efervescência cultural dos anos 50 e 60, em São Paulo - e estabeleceu bases para transformá-lo novamente em um centro de experimentação de linguagem, discussão e reflexão sobre as dramaturgias brasileira e latino-americana. Fechado, de janeiro de 2007 a março de 2008, o Arena foi reinaugurado em novembro último, após investimento de R$ 780 mil em reforma com o patrocínio da Petrobras. A reabertura do Arena também aconteceu no ano em que se comemorou os 50 anos de criação do projeto Seminário de Dramaturgia do Teatro Arena, que reunia profissionais da área em debates sobre a produção de autores nacionais que expressassem dilemas populares e engajamento político.

Os intérpretes foram selecionados em um concurso aberto pela Funarte. Depois de analisar 742 currículos e assistir a 142 audições, o diretor José Renato escolheu os 12 profissionais que estariam sob sua direção pelos meses seguintes.

Oduvaldo Vianna Filho
O ator e dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, ou Vianninha (Rio de Janeiro, 1936-1974), foi um ativo participante do Teatro de Arena, além de fundador do Centro Popular de Cultura da UNE e do Grupo Opinião. Seus textos colocam em cena a realidade brasileira, o homem simples, trabalhador, operário. Seus textos "Chapetuba Futebol Clube", "Papa Highirte" e "Rasga Coração" entraram para a história do teatro brasileiro.

José Renato
José Renato (São Paulo, 1926) é diretor, ator, empresário, professor e dramaturgo. Em 1950, integrou a primeira turma de formados da Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD). Em 1958, dirigiu no Teatro de Arena a primeira peça de Gianfrancesco Guarnieri, "Eles não usam Black Tie", um marco na história do teatro nacional. Em 1979, dirigiu a primeira montagem de uma das mais consagradas peças de Oduvaldo Vianna Filho, premiada pelo Serviço Nacional de Teatro e censurada pela ditadura militar em 1974, ano da morte do autor: "Rasga Coração".

Teatro de Arena - uma história de resistência e ousadia
O Teatro de Arena de São Paulo foi fundado pelo diretor José Renato em 11 de abril de 1955, dois anos depois da nascimento do Gurpo Teatro de Arena, em um período marcado pela necessidade de se desenvolver no Brasil uma experiência teatral nacionalista e político-ideológica que atuasse em contraposição ao modelo elitista da época. O teatro influenciou o surgimento de uma geração de músicos e atores de teatro, cinema e televisão, que revolucionaram a cena cultural brasileira e continuam a contribuir para sua riqueza e diversidade - entre eles, Vianninha, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Myriam Muniz.
Primeira casa de espetáculos em formato circular da América do Sul, o Arena foi o cenário ideal para grupos em plena ebulição criativa, que precisavam viabilizar suas montagens com parcos recursos. O formato de arena permite maior aproximação entre artistas e público, minimizando os custos de produção e valorizando o texto. A partir de 1958, durante os encontros do Seminário de Dramaturgia, o grupo Teatro de Arena defendeu a criação de uma dramaturgia com características brasileiras. Após o golpe militar de 64, a vontade de refletir as mudanças do país dá início a uma fase de musicais, trazendo para o centro das discussões obras de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Edu Lobo, além do emblemático show "Opinião". Em 1972, o espaço teve suas portas fechadas pela ditadura. Comprado pelo Ministério da Educação e Cultura em 1977, foi batizado Teatro Experimental Eugênio Kusnet, em homenagem ao ator, diretor e professor Eugênio Chamanski Kusnetsov (1898 -1975). Mais tarde, porém, um novo nome retomaria sua história: Teatro de Arena Eugênio Kusnet.
Em 2008, graças ao patrocínio da Petrobras, a Fundação Nacional de Artes - Funarte concretizou o projeto de recuperação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Com investimento de R$ 780 mil, a reforma devolveu à fachada e ao acesso principal seus formatos originais, redistribuiu e reformou os assentos da platéia e adaptou camarins e banheiros para o atendimento a pessoas com deficiência. Com a montagem de "Chapetuba Futebol Clube", a Funarte e o Ministério da Cultura devolvem o Arena à comunidade das artes cênicas e ao público de São Paulo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

LEITURA DRAMÁTICA RASGA CORAÇÃO - FOTOS






















































Fotos de Flávio Tolezzani