quarta-feira, 1 de abril de 2009

Reestréia de Chapetuba F. C.

Noite de homenagem a Vianninha na Funarte em São Paulo.
O espetáculo Chapetuba FC, de Oduvaldo Vianna Filho - que reinaugurou o Teatro de Arena Eugênio Kusnet - reestreia no dia 20 de março, sexta-feira, às 21h.

Na ocasião, serão lançados o livro Vianninha - Teatro, Televisão, Política, com escritos do dramaturgo, e o Arquivo Vianninha Online, que reúne todo o acervo digital da Funarte sobre o autor.

O evento conta com as presenças de Sérgio Mamberti, presidente da Funarte, e de Juca Ferreira, ministro da Cultura, que cumprem agenda de encontros com representantes de segmentos culturais na capital paulista.

A peça, dirigida por José Renato, que esteve à frente da fundação deste teatro, em 1953, narra a trajetória de um pequeno time de futebol do interior que deseja chegar à primeira divisão, mas é prejudicado por empresários e jogadores. A montagem é parte do Projeto Arena, por meio do qual a Fundação Nacional de Artes (Funarte) viabilizou a reforma das instalações do teatro.

Chapetuba F.C. foi encenada pela primeira vez, em 1959, no próprio Teatro de Arena.

Amigo e admirador de Oduvaldo Vianna Filho, o diretor José Renato afirma que, diante da realidade de hoje, não precisou atualizar em nada o texto da peça. "Meu objetivo foi o de respeitar a paixão que esse esporte desperta e tentar exibir as contradições de caráter das personagens. Nas disputas travadas, não esconder as entrelinhas dos interesses menores. E, além disso, mostrar a efervescência de emoções que explodem nesse mundinho onde os jogadores estão concentrados. O profundo sentimento humano que alimentou Vianinnha, eu busco agora como alicerce para a minha encenação", diz o diretor, que escolheu José Carlos Serroni, parceiro desde os anos 80, para criar o cenário e o figurino da peça.

Esse texto com mais de cinco décadas ganhou uma direção precisa e ágil de José Renato, buscando manter o público atento à trama de Vianninha e envolvê-lo com as expectativas criadas pelo enredo. Os jogadores desse time de futebol são personagens bastante distintas: personalidade, temperamento e caráter dão o tom à história, recheada de emoções humanas (o nascimento de um filho, amizades e a paixão entre dois jovens) e de maracutaias do mundo esportivo (pressão de empresários e compra de resultados). O diretor buscou a dose certa para apresentar esse texto, cheio de vigor ainda no século XXI.

Espetáculo: Chapetuba Futebol Clube
Texto: Oduvaldo Vianna Filho
Direção: José Renato
Cenário e figurino: José Carlos Serroni e Telumi Hellen
Elenco: Fábio Pinheiro, Pedro Monticelli, Fernando Prata, Flávio Kena, Luiz Fernando Albertoni, Fernanda Sanches, João Ribeiro, Emerson Natividade, Vinicius Meloni e Álvaro Gomes.
Trilha Sonora: Aline Meyer
Iluminação: Mauro Martorelli
Reestreia: 20 de março, sexta, às 21 horas
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Rua Dr. Teodoro Baima, 94 - Vila Buarque/SP - Tel: (11) 3256-9463
Temporada: quinta, sexta e sábado (21 horas) e domingo (20 horas)
Até 19/04/09
Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00) - Duração: 120 min - Gênero: Drama
Classificação etária: Livre - Capacidade: 99 lugares
Acesso universal. Ar condicionado. Não faz reservas.
Vendas na bilheteria: 5ª a domingo a partir de 18h.
Não aceita cheque/cartão.
Realização: Funarte

"Chapetuba F.C." e reabertura do Teatro de Arena
A montagem de "Chapetuba F.C." é parte de um projeto da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o Projeto Arena, que viabilizou a reforma das instalações do teatro - símbolo da efervescência cultural dos anos 50 e 60, em São Paulo - e estabeleceu bases para transformá-lo novamente em um centro de experimentação de linguagem, discussão e reflexão sobre as dramaturgias brasileira e latino-americana. Fechado, de janeiro de 2007 a março de 2008, o Arena foi reinaugurado em novembro último, após investimento de R$ 780 mil em reforma com o patrocínio da Petrobras. A reabertura do Arena também aconteceu no ano em que se comemorou os 50 anos de criação do projeto Seminário de Dramaturgia do Teatro Arena, que reunia profissionais da área em debates sobre a produção de autores nacionais que expressassem dilemas populares e engajamento político.

Os intérpretes foram selecionados em um concurso aberto pela Funarte. Depois de analisar 742 currículos e assistir a 142 audições, o diretor José Renato escolheu os 12 profissionais que estariam sob sua direção pelos meses seguintes.

Oduvaldo Vianna Filho
O ator e dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, ou Vianninha (Rio de Janeiro, 1936-1974), foi um ativo participante do Teatro de Arena, além de fundador do Centro Popular de Cultura da UNE e do Grupo Opinião. Seus textos colocam em cena a realidade brasileira, o homem simples, trabalhador, operário. Seus textos "Chapetuba Futebol Clube", "Papa Highirte" e "Rasga Coração" entraram para a história do teatro brasileiro.

José Renato
José Renato (São Paulo, 1926) é diretor, ator, empresário, professor e dramaturgo. Em 1950, integrou a primeira turma de formados da Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD). Em 1958, dirigiu no Teatro de Arena a primeira peça de Gianfrancesco Guarnieri, "Eles não usam Black Tie", um marco na história do teatro nacional. Em 1979, dirigiu a primeira montagem de uma das mais consagradas peças de Oduvaldo Vianna Filho, premiada pelo Serviço Nacional de Teatro e censurada pela ditadura militar em 1974, ano da morte do autor: "Rasga Coração".

Teatro de Arena - uma história de resistência e ousadia
O Teatro de Arena de São Paulo foi fundado pelo diretor José Renato em 11 de abril de 1955, dois anos depois da nascimento do Gurpo Teatro de Arena, em um período marcado pela necessidade de se desenvolver no Brasil uma experiência teatral nacionalista e político-ideológica que atuasse em contraposição ao modelo elitista da época. O teatro influenciou o surgimento de uma geração de músicos e atores de teatro, cinema e televisão, que revolucionaram a cena cultural brasileira e continuam a contribuir para sua riqueza e diversidade - entre eles, Vianninha, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Myriam Muniz.
Primeira casa de espetáculos em formato circular da América do Sul, o Arena foi o cenário ideal para grupos em plena ebulição criativa, que precisavam viabilizar suas montagens com parcos recursos. O formato de arena permite maior aproximação entre artistas e público, minimizando os custos de produção e valorizando o texto. A partir de 1958, durante os encontros do Seminário de Dramaturgia, o grupo Teatro de Arena defendeu a criação de uma dramaturgia com características brasileiras. Após o golpe militar de 64, a vontade de refletir as mudanças do país dá início a uma fase de musicais, trazendo para o centro das discussões obras de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Edu Lobo, além do emblemático show "Opinião". Em 1972, o espaço teve suas portas fechadas pela ditadura. Comprado pelo Ministério da Educação e Cultura em 1977, foi batizado Teatro Experimental Eugênio Kusnet, em homenagem ao ator, diretor e professor Eugênio Chamanski Kusnetsov (1898 -1975). Mais tarde, porém, um novo nome retomaria sua história: Teatro de Arena Eugênio Kusnet.
Em 2008, graças ao patrocínio da Petrobras, a Fundação Nacional de Artes - Funarte concretizou o projeto de recuperação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Com investimento de R$ 780 mil, a reforma devolveu à fachada e ao acesso principal seus formatos originais, redistribuiu e reformou os assentos da platéia e adaptou camarins e banheiros para o atendimento a pessoas com deficiência. Com a montagem de "Chapetuba Futebol Clube", a Funarte e o Ministério da Cultura devolvem o Arena à comunidade das artes cênicas e ao público de São Paulo.

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