quarta-feira, 1 de abril de 2009

Venham nos assistir! Últimas Semanas!


Chapetuba - uma (re) visita ao teatro de Vianninha

Artigo de Vanessa Frisso para o blog Overmundo:
Apaixonante. Não me vem à cabeça outra palavra para descrever a experiência teatral que vivi no último final de semana. Primeiramente senti-me personagem e estudioso. Eu estava ali, no Teatro de Arena, hoje Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Palco para muitas ações, artísticas, culturais, sociais, políticas. Ao entrar no teatro, senti um arrepio correr pelo corpo. Muita energia corre por ali.
É quase indescritível. Observar aqueles assentos, onde já se sentavam algumas pessoas, aguardando o início do espetáculo. E aquele tempo anterior ao terceiro sinal, quando a magia está prestes a acontecer, mas ainda sou eu mesma. Tempo de observar já o cenário do primeiro ato. Senti-me começar a viajar no tempo. Mas é apenas teatro.
Ao toque da campainha pela terceira vez consecutiva, as luzes da platéia se apagam, e uma transformação dá início. Não estou mais no teatro de Arena, Consolação, São Paulo. Estou na pequena cidade de Chapetuba, na pensão cuidada por Fina, que serve de concentração para o Chapetuba Futebol Clube, que naquele instante deixa de ser a brilhante dramaturgia de Oduvaldo Viana Filho, e passa a ser realidade diante de meus olhos.
O espetáculo vai envolvendo o expectador de tal maneira em um crescente, mas sem deixar de despertar em nós o sentimento, o pensamento e a crítica. Arte de verdade que mexe com os poros e com o espírito. Arte que transforma.
A peça, por mais que pareça, não fala de futebol. Fala de seres humanos. Sonhos, desejos, amores, paixões, ética, fé, esperança. Mas também fala de nossas fraquezas e nossas mazelas, tão humanas. As personagens que desfilam em nossa frente, criam vida nos corpos desses atores tão preparados e refletem muito mais que jogadores e seus dilemas.
O que parece força, pode ser defesa da fraqueza. O que parece timidez, pode ser receio da rejeição. O que parece ingenuidade, quase beirando a burrice, transforma-se em sabedoria. São esses homens brasileiros, cercados pela miséria e pobreza. Com um misto de desejo de ascensão social e a simples necessidade de sobreviver dignamente, criar uma família e ficar perto dos seus. Os anseios de sucesso e glória. E as inevitáveis frustrações que isso tudo pode causar.
Um retrato da sociedade brasileira através do Chapetuba Futebol Clube, seus jogadores, seus dirigentes, nossa imprensa esportiva. Com os bastidores desse campeonato de futebol, temos uma amostra do que nos levar a sermos corruptíveis. A necessidade, o medo, o ego.
Nessa montagem, 50 anos depois da estréia, percebemos um trabalho apurado, limpo, preservando ao máximo o texto original e seu momento histórico, sem perder um só fio da atualidade. Talvez pela naturalidade com que este jovem elenco, em sua maioria, desfila aos nossos olhos e ao mesmo tempo uma maturidade dramática que revela a mão de um diretor. José Renato, um dos fundadores do Arena, que pena não estava lá no sábado para que eu pudesse abraçá-lo e dizer o quanto estava feliz.
Não só recomendo como peço que todos assistam e apreendam um pouco. Há muito tempo não assistia a uma peça que me tocasse tanto, mas mais do que isso, que mostrasse teatro de verdade, feito por atores de verdade, com texto de verdade e direção mais que verdadeira.

Bate-Bola - Às Sextas-feiras!

Bate Bola após sessão da peça Chapetuba F.C., no Teatro de Arena

Os convidados do primerio debate são:
Basílio, Toninho Cecílio, Carlos Cereto, Sílvio Luiz e Ary Toledo

O espetáculo Chapetuba Futebol Clube voltou ao palco do Teatro de Arena Eugênio Kusnet, 50 anos depois da primeira montagem, por meio do Projeto Arena da Fundação Nacional de Artes (Funarte). No enredo, o futebol está em cena, revelando contradições pessoais e sociais vividas com o humor e a paixão que esse esporte sempre despertou no povo brasileiro.

Após as apresentações dos dias 3, 10 e 17 de abril, três sextas-feiras consecutivas, o diretor José Renato receberá convidados especiais para o Bate Bola: debates abertos a todos os presentes, tendo como foco a cultura e o esporte, neste caso o futebol. Os convidados são profissionais do mundo esportivo, jornalistas e artistas; personalidades que continuam escrevendo e acompanhando a história do futebol e do teatro brasileiro.

Cronograma do Bate Bola:

3 de abril
Boleiros: Basílio e Toninho Cecílio
Jornalistas: Carlos Cereto e Sílvio Luiz
Artista: Ary Toledo

10 de abril
Boleiro: Wladimir
Jornalistas: Alberto Helena Jr., André Rizek e Fernando Solera
Artista: Etty Frazer

17 de abril
Boleiros: Ademir da Guia e Vampeta
Jornalistas: Cleber Machado e Mauro Beting
Artista: Chico de Assis

Chapetuba Futebol Clube
Texto: Oduvaldo Vianna Filho
Direção: José Renato.
Elenco: Fábio Pinheiro, Pedro Monticelli, Fernando Prata, Flávio Kena, Luiz Fernando Albertoni, Fernanda Sanches, João Ribeiro, Emerson Natividade, Vinicius Meloni e Álvaro Gomes.
Bate Bola: Dias 3, 10 e 17 de abril (sextas, após seção que tem início às 21h)
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Temporada: quinta, sexta e sábado (21h) e Domingos (20h) – Até 20/04
Rua Teodoro Baima, 94, Consolação – tel: (11) 3256-9463
Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00) - Duração: 120 min - Gênero: Drama

Os convidados:

3 de abril:

Basílio (João Roberto Basílio) - O ex-meia do Corinthians é conhecido como Pé de Anjo por ter feito o gol que garantiu a conquista do Campeonato Paulista, de 1977, encerrando o longo período sem títulos do Timão. Começou sua carreira na Portuguesa e foi para o Corinthians em 1975, para conquistar duas vezes o Campeonato Paulista (1977 e 1979). Encerrou sua carreira no Taubaté, em 1981, e teve várias passagens como técnico do Parque São Jorge. Como membro da Cooperativa Craques de Sempre, integra o projeto Mais Esporte da Prefeitura de São Paulo.

Toninho Cecílio (Antonio Jorge Cecílio Sobrinho) - O ex-zagueiro do Palmeiras iniciou sua carreira, em 1984, nos juvenis do clube. Em 1986, foi para a zaga do time principal onde ficou até 1992, sendo por vários anos capitão do time. Jogou no Botafogo, Cruzeiro e Cerezo Osaka, no Japão. Foi presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais de São Paulo, tendo uma atuação decisiva na elaboração e aprovação da Lei do Passe. A partir de 2004, tornou-se dirigente esportivo na Portuguesa Santista e no Fortaleza. Desde 2007, voltou ao Palmeiras para ocupar a Gerência de Futebol.

Carlos Cereto – É jornalista atuante na imprensa esportiva, há 14 anos. Como radialista esportivo, trabalhou em emissoras de Campinas e nas rádios Globo e Record. Há sete anos, trabalha no canal Sportv e, atualmente, é comentarista do programa Arena Sportv e repórter da Rádio Globo.

Sílvio Luiz - É jornalista, repórter e locutor esportivo, há 57 anos. Trabalhou na TV Paulista, Rádio Bandeirantes, TV Excelsior, TV Record (onde também foi diretor de programação) e TV Bandeirantes. Atualmente, é narrador esportivo da Bandsports. É dono de uma voz potente e de um estilo irreverente e inconfundível de narração. Chamando a bola de “criança”, cunhou vários bordões inesquecíveis como “Olho no lance !!” e “Pelas barbas do profeta !!”.

Ary Toledo - É ator, diretor, cantor, compositor e humorista, há quase 50 anos, e um dos artistas mais populares do Brasil. Começou sua vida artística no Teatro de Arena, em 1960, na peça Revolução na América do Sul, de Augusto Boal e direção de José Renato. Sua trajetória esteve ligada por muito tempo ao teatro. Como ator e músico ele trabalhou nas peças A Mandrágora e Os Fuzis da Senhora Carrar. Entre 1965 e 1967, participou de vários programas musicais da TV Record, projetando-se como cantor com a canção Pau de Arara, de Carlos Lyra e Vinícius de Morais. Tendo como parceiros Boal e Guarnieri, em 1966, estreou no Teatro de Arena a peça A Criação do Mundo Segundo Ary Toledo, que ficou em cartaz por 4 anos. Ao lado de Chico de Assis, compôs diversas músicas e escreveu textos teatrais, encenados no Arena até meados dos anos 70. Nos últimos anos, tem se dedicado à direção de peças, à composição musical e à atuação em shows e programas humorísticos .

10 de abril:

Wladimir (Wladimir Rodrigues dos Santos) - Ex-lateral do Corinthians, é um recordista em jogos com a camisa do Timão. Começou a jogar nas categorias de base do clube, firmando-se como titular absoluto da camisa 4, em 1973. Conquistou o histórico Campeonato Paulista de 1977, quando o Corinthians encerrou seu longo jejum de títulos. Foi um dos líderes da Democracia Corinthiana. Conquistou mais três vezes o Campeonato Paulista (1979, 1982 e 1983). Foi Secretário de Esportes de Diadema.

Alberto Helena Jr. - É jornalista há 50 anos. Foi colunista do Jornal da Tarde e da Folha de São Paulo. Dirigiu e comandou o Show da Noite (Rede Record) e Na Linha do Gol (TV Gazeta). Atualmente, é colunista do Diário de São Paulo. Tem um blog no IG e é comentarista da SporTV. Também foi crítico de música popular. É autor de vários livros, entre eles: Palmeiras, a Eterna Academia (DBA-2003), O Último Dinossauro – Cassius Clay (Editora Três) e Rogério Ceni - o Goleiro Artilheiro na Linha do Gol, a ser lançado pela DBA.

André Rizek - Com apenas 34 anos, já foi repórter especial do Lance, do Jornal da Tarde e das revistas Veja e Placar. Foi também editor da revista Playboy. Atualmente, é comentarista e editor–chefe do canal SportTV, em são Paulo.

Fernando Solera - Começou na Rádio Difusora, em 1957, como repórter de campo. Foi narrador e diretor de esportes da Rede Bandeirantes, onde trabalhou durante 25 anos. Desde 1989, integra a equipe de comentaristas e narradores da Rede Gazeta onde, aos domingos, participa do programa Mesa Redonda.

Etty Frazer - É atriz de teatro, cinema e televisão, há 50 anos. É uma das fundadoras do Teatro Oficina, onde estreou profissionalmente na peça A Incubadeira, em 1959. José Celso Martinez Corrêa também a dirigiu em espetáculos memoráveis como Pequenos Burgueses (1964) e O Rei da Vela (1967). Em 1968, no Teatro de Arena, foi dirigida por Augusto Boal na peça Mac Bird, de Barbara Garson.

17 de abril:

Ademir da Guia - O ex-meia do Palmeiras é o maior ídolo da história do Verdão. Filho de Domingos da Guia (grande zagueiro da Seleção Brasileira de 1938), o Divino foi um dos maiores meiocampistas do futebol brasileiro. Começou sua carreira no Bangu-RJ e veio para o Palmeiras, em 1961. Jogando no clube até 1977, conquistou o Campeonato Paulista (1963, 1966, 1972,1974 e 1976), o Bi-Campeonato Brasileiro (1972/1973), a Taça Roberto Gomes Pedrosa (1967 e 1969), o Torneio Rio-São Paulo (1965) e a Taça do Brasil (1967). Pela Seleção Brasileira, disputou a Copa do Mundo de 1974, na Alemanha. Em 2004, foi eleito vereador por São Paulo.

Vampeta (Marcos Batista Santos) - Começou a jogar futebol no Vitória–Ba, em 1990. No PSV-Eindhoven, foi campeão nacional, em 1997, e considerado o melhor volante do campeonato holandês. A partir de 1998, jogando pelo Corinthians, conquistou o campeonato Paulista (1999 e 2003), Brasileiro (1998 e 1999), Copa do Brasil (2002), Torneio Rio-São Paulo (2003) e o Mundial da FIFA (2000). Atuando na Seleção Brasileira, conquistou a Copa América, em 1999, e a Copa do Mundo, em 2002. Encerrou sua carreira de jogador em 2008, no Juventus.

Cleber Machado - Começou sua carreira de locutor esportivo, em 1979, nas rádios Bandeirantes e Tupi. Em 1980, foi para a Rádio Globo, integrando a equipe esportiva de Osmar Santos. Na televisão, começou na TV Gazeta. Em 1988, foi para a Rede Globo e, desde então, cobre e narra os mais importantes eventos esportivos do mundo (Copas do Mundo, Fórmula 1, campeonatos de futebol etc). É apresentador do programa Arena SportTV.

Mauro Beting - É jornalista, há 20 anos. Como colunista esportivo, começou na Folha da Tarde. Desde 2006, escreve um blog no Lancenet e colunas semanais no Lance, no portal Yahoo, no Futeboleuropeu.com, na Cidade do Futebol e na revista Trivela. É comentarista de rádio desde 1991. Está na Rede Bandeirantes, desde 2003, sendo apresentador de dois programas no Bandsports e de outro na TV Esporte Interativo.

Chico de Assis - É ator, diretor, roteirista, dramaturgo e compositor popular. Em 1958, tornou-se ator do Teatro de Arena, onde, sob a direção de Augusto Boal ou José Renato, participou de montagens memoráveis como Eles Não Usam Black-Tie, Chapetuba F.C. e Gente Como a Gente. Foi um dos fundadores do Centro Popular de Cultura-CPC, da UNE. É autor de várias peças, destacando-se O Testamento do Cangaceiro, dirigida por Augusto Boal (1961), Missa Leiga, dirigida por Ademar Guerra (1972), e Xandú Quaresma, dirigida por Adriano Stuart (1985). Desde 1989, tem coordenado cursos de dramaturgia e interpretação. Ministrou o Seminário de Dramaturgia do Arena, por 18 anos consecutivos.


Maiores Informações - Eliane Verbena
Tel: (11) 3079-4915 / 9373-0181 – verbena@verbena.com.br

Reestréia de Chapetuba F. C.

Noite de homenagem a Vianninha na Funarte em São Paulo.
O espetáculo Chapetuba FC, de Oduvaldo Vianna Filho - que reinaugurou o Teatro de Arena Eugênio Kusnet - reestreia no dia 20 de março, sexta-feira, às 21h.

Na ocasião, serão lançados o livro Vianninha - Teatro, Televisão, Política, com escritos do dramaturgo, e o Arquivo Vianninha Online, que reúne todo o acervo digital da Funarte sobre o autor.

O evento conta com as presenças de Sérgio Mamberti, presidente da Funarte, e de Juca Ferreira, ministro da Cultura, que cumprem agenda de encontros com representantes de segmentos culturais na capital paulista.

A peça, dirigida por José Renato, que esteve à frente da fundação deste teatro, em 1953, narra a trajetória de um pequeno time de futebol do interior que deseja chegar à primeira divisão, mas é prejudicado por empresários e jogadores. A montagem é parte do Projeto Arena, por meio do qual a Fundação Nacional de Artes (Funarte) viabilizou a reforma das instalações do teatro.

Chapetuba F.C. foi encenada pela primeira vez, em 1959, no próprio Teatro de Arena.

Amigo e admirador de Oduvaldo Vianna Filho, o diretor José Renato afirma que, diante da realidade de hoje, não precisou atualizar em nada o texto da peça. "Meu objetivo foi o de respeitar a paixão que esse esporte desperta e tentar exibir as contradições de caráter das personagens. Nas disputas travadas, não esconder as entrelinhas dos interesses menores. E, além disso, mostrar a efervescência de emoções que explodem nesse mundinho onde os jogadores estão concentrados. O profundo sentimento humano que alimentou Vianinnha, eu busco agora como alicerce para a minha encenação", diz o diretor, que escolheu José Carlos Serroni, parceiro desde os anos 80, para criar o cenário e o figurino da peça.

Esse texto com mais de cinco décadas ganhou uma direção precisa e ágil de José Renato, buscando manter o público atento à trama de Vianninha e envolvê-lo com as expectativas criadas pelo enredo. Os jogadores desse time de futebol são personagens bastante distintas: personalidade, temperamento e caráter dão o tom à história, recheada de emoções humanas (o nascimento de um filho, amizades e a paixão entre dois jovens) e de maracutaias do mundo esportivo (pressão de empresários e compra de resultados). O diretor buscou a dose certa para apresentar esse texto, cheio de vigor ainda no século XXI.

Espetáculo: Chapetuba Futebol Clube
Texto: Oduvaldo Vianna Filho
Direção: José Renato
Cenário e figurino: José Carlos Serroni e Telumi Hellen
Elenco: Fábio Pinheiro, Pedro Monticelli, Fernando Prata, Flávio Kena, Luiz Fernando Albertoni, Fernanda Sanches, João Ribeiro, Emerson Natividade, Vinicius Meloni e Álvaro Gomes.
Trilha Sonora: Aline Meyer
Iluminação: Mauro Martorelli
Reestreia: 20 de março, sexta, às 21 horas
Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Rua Dr. Teodoro Baima, 94 - Vila Buarque/SP - Tel: (11) 3256-9463
Temporada: quinta, sexta e sábado (21 horas) e domingo (20 horas)
Até 19/04/09
Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00) - Duração: 120 min - Gênero: Drama
Classificação etária: Livre - Capacidade: 99 lugares
Acesso universal. Ar condicionado. Não faz reservas.
Vendas na bilheteria: 5ª a domingo a partir de 18h.
Não aceita cheque/cartão.
Realização: Funarte

"Chapetuba F.C." e reabertura do Teatro de Arena
A montagem de "Chapetuba F.C." é parte de um projeto da Fundação Nacional de Artes (Funarte), o Projeto Arena, que viabilizou a reforma das instalações do teatro - símbolo da efervescência cultural dos anos 50 e 60, em São Paulo - e estabeleceu bases para transformá-lo novamente em um centro de experimentação de linguagem, discussão e reflexão sobre as dramaturgias brasileira e latino-americana. Fechado, de janeiro de 2007 a março de 2008, o Arena foi reinaugurado em novembro último, após investimento de R$ 780 mil em reforma com o patrocínio da Petrobras. A reabertura do Arena também aconteceu no ano em que se comemorou os 50 anos de criação do projeto Seminário de Dramaturgia do Teatro Arena, que reunia profissionais da área em debates sobre a produção de autores nacionais que expressassem dilemas populares e engajamento político.

Os intérpretes foram selecionados em um concurso aberto pela Funarte. Depois de analisar 742 currículos e assistir a 142 audições, o diretor José Renato escolheu os 12 profissionais que estariam sob sua direção pelos meses seguintes.

Oduvaldo Vianna Filho
O ator e dramaturgo Oduvaldo Vianna Filho, ou Vianninha (Rio de Janeiro, 1936-1974), foi um ativo participante do Teatro de Arena, além de fundador do Centro Popular de Cultura da UNE e do Grupo Opinião. Seus textos colocam em cena a realidade brasileira, o homem simples, trabalhador, operário. Seus textos "Chapetuba Futebol Clube", "Papa Highirte" e "Rasga Coração" entraram para a história do teatro brasileiro.

José Renato
José Renato (São Paulo, 1926) é diretor, ator, empresário, professor e dramaturgo. Em 1950, integrou a primeira turma de formados da Escola de Arte Dramática de São Paulo (EAD). Em 1958, dirigiu no Teatro de Arena a primeira peça de Gianfrancesco Guarnieri, "Eles não usam Black Tie", um marco na história do teatro nacional. Em 1979, dirigiu a primeira montagem de uma das mais consagradas peças de Oduvaldo Vianna Filho, premiada pelo Serviço Nacional de Teatro e censurada pela ditadura militar em 1974, ano da morte do autor: "Rasga Coração".

Teatro de Arena - uma história de resistência e ousadia
O Teatro de Arena de São Paulo foi fundado pelo diretor José Renato em 11 de abril de 1955, dois anos depois da nascimento do Gurpo Teatro de Arena, em um período marcado pela necessidade de se desenvolver no Brasil uma experiência teatral nacionalista e político-ideológica que atuasse em contraposição ao modelo elitista da época. O teatro influenciou o surgimento de uma geração de músicos e atores de teatro, cinema e televisão, que revolucionaram a cena cultural brasileira e continuam a contribuir para sua riqueza e diversidade - entre eles, Vianninha, Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Myriam Muniz.
Primeira casa de espetáculos em formato circular da América do Sul, o Arena foi o cenário ideal para grupos em plena ebulição criativa, que precisavam viabilizar suas montagens com parcos recursos. O formato de arena permite maior aproximação entre artistas e público, minimizando os custos de produção e valorizando o texto. A partir de 1958, durante os encontros do Seminário de Dramaturgia, o grupo Teatro de Arena defendeu a criação de uma dramaturgia com características brasileiras. Após o golpe militar de 64, a vontade de refletir as mudanças do país dá início a uma fase de musicais, trazendo para o centro das discussões obras de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Edu Lobo, além do emblemático show "Opinião". Em 1972, o espaço teve suas portas fechadas pela ditadura. Comprado pelo Ministério da Educação e Cultura em 1977, foi batizado Teatro Experimental Eugênio Kusnet, em homenagem ao ator, diretor e professor Eugênio Chamanski Kusnetsov (1898 -1975). Mais tarde, porém, um novo nome retomaria sua história: Teatro de Arena Eugênio Kusnet.
Em 2008, graças ao patrocínio da Petrobras, a Fundação Nacional de Artes - Funarte concretizou o projeto de recuperação do Teatro de Arena Eugênio Kusnet. Com investimento de R$ 780 mil, a reforma devolveu à fachada e ao acesso principal seus formatos originais, redistribuiu e reformou os assentos da platéia e adaptou camarins e banheiros para o atendimento a pessoas com deficiência. Com a montagem de "Chapetuba Futebol Clube", a Funarte e o Ministério da Cultura devolvem o Arena à comunidade das artes cênicas e ao público de São Paulo.